Representantes do INSS receberam mais de R$ 17 milhões, aponta PF

A Polícia Federal (PF) identificou que representantes e ex-diretores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) receberam mais de R$ 17 milhões em transferências de pessoas apontadas como intermediárias de associações que realizavam descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas.
De acordo com o relatório, os ex-diretores André Fidelis, que comandou a Diretoria de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, e Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança, Planejamento e Inovação, receberam valores por meio de terceiros ligados a eles.
A PF também apurou que o então procurador-geral do INSS, Virgílio Oliveira Filho, afastado do cargo pela Justiça, foi beneficiado financeiramente por meio da sua esposa. Além de transferências em dinheiro, ela recebeu um carro de luxo: um Porsche Taycan, avaliado em mais de R$ 500 mil.
Como os recursos eram repassados
Segundo a PF, o advogado Eric Fidelis, filho de André Fidelis, recebeu cerca de R$ 5,1 milhões das empresas apontadas como intermediárias das entidades associativas envolvidas no esquema.
Já Alexandre Guimarães teria recebido mais de R$ 300 mil por meio de uma empresa própria, com intermediação de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Ele é apontado como principal operador do esquema de repasses irregulares.
Em relação a Virgílio Oliveira Filho, a PF detalhou que empresas ligadas a ele e à sua esposa receberam mais de R$ 11 milhões das mesmas intermediárias.
O relatório policial ainda aponta que Virgílio “teve um incremento patrimonial de R$ 18.330.145,18 advindo da ‘farra do INSS'”.
O “Careca do INSS”
Grande parte dos valores destinados aos ex-integrantes do INSS teria sido intermediada por Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”. A PF afirma que ele é sócio de 22 empresas, muitas delas usadas nas fraudes.
O relatório destaca que pessoas físicas e jurídicas ligadas a ele receberam R$ 53,5 milhões diretamente das associações ou por meio de suas empresas.
Segundo a PF, essas empresas de Antônio Carlos são do tipo Sociedade de Propósito Específico (SPE) e compartilham o mesmo endereço, telefone, valor de capital social e registro de CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), todos relacionados à compra e venda de imóveis próprios — o que indica tentativa de blindagem dos sócios.
Operação Sem Desconto
Na última quarta-feira (23), a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram a Operação Sem Desconto, que revelou um esquema que pode ter desviado até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
As investigações apontam que entidades sindicais e associações descontavam mensalidades diretamente dos benefícios de aposentados e pensionistas sem autorização prévia. O esquema teria contado com o apoio de Acordos de Cooperação Técnica firmados com o INSS.
De acordo com a CGU, foram constatadas falhas na verificação de autorizações e indícios de falsificação de documentos. Parte das vítimas seria composta por pessoas com deficiência que não teriam capacidade legal para assinar termos de filiação.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Representantes do INSS receberam mais de R$ 17 milhões, aponta PF no site CNN Brasil.
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