Irã lança mísseis contra Israel
Forças Armadas de Israel e do Irã confirmaram envio. Explosões foram registradas em Tel Aviv. Segundo agência estatal iraniana, segunda leva já foi lançada. Fotos mostram projéteis lançados pelo Irã sendo interceptados sobre o céu Tel Aviv, em Israel
Jack Guez/AFP
Israel divulga imagens de operações realizadas na fronteira com o Líbano
O Irã disparou cerca de 120 mísseis balísticos em direção a Israel nesta terça-feira (1º), segundo as Forças Armadas israelenses. O Irã também confirmou o envio, que culmina a escalada de tensões entre Israel e o Hezbollah nas duas últimas semanas.
A maior parte dos mísseis atingiu Tel Aviv, onde uma série de explosões foi registrada. Israel fechou o espaço aéreo, e todos os aeroportos encerraram atividades. Não havia registro de vítimas até a última atualização desta reportagem, mas um atentado que ocorreu no mesmo momento nos arredores de Tel Aviv deixou oito mortos (leia mais abaixo).
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O ataque é a primeira resposta do Irã desde a escalada nos conflitos entre Israel e o Hezbollah — o grupo extremista, embora atue no Líbano, é financiado pelo regime iraniano.
Os mísseis foram lançados por volta das 18h30 no horário local (13h30 pelo horário de Brasília), e demoraram apenas 12 minutos para atingir o território israelense após o lançamento.
Cerca de 20 minutos após uma primeira onda de mísseis, uma segunda leva de artefatos foi lançada, segundo a agência estatal iraniana. A segunda leva não havia atingido o território israelense até a última atualização desta reportagem.
A imprensa iraniana afirmou que a Universidade de Tel Aviv foi atingida, mas não havia relato de vítimas até a última atualização desta reportagem. A imprensa israelense falou de um posto de gasolina atingido.
Imagens de Tel Aviv mostraram mísseis cruzando o céu. Alguns deles foram abatidos pelo Domo de Ferro, um dos poderosos sistemas antimísseis israelenses.
O governo de Israel afirmou que os moradores da cidade se refugiaram em bunkers. Ainda não havia informações sobre vítimas ou danos até a última atualização dessa reportagem.
Além de Israel, Jordânia e Iraque também fecharam seus espaços aéreos.
Após a primeira leva dos mísseis, o governo do Irã afirmou que o ataque foi uma retaliação ao assassinato dos chefes do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do Hamas, Ismail Haniyeh, e à invasão do Exército israelense ao Líbano, na segunda-feira (31). Teerã disse que vai retaliar qualquer novo ataque israelense.
Atentados
Praticamente ao mesmo tempo em que os mísseis foram lanados, um atentado a tiros ocorreu em Jaffa, pequena cidade nos arredores de Israel. Segundo o site de notícias israelense Ynet, dois terroristas desceram do metrô e abriram fogo contra várias pessoas na Avenida Yerushalayim.
Oito pessoas morreram no ataque, segundo o governo.
Irã lança mísseis contra Israel
Mais cedo, a Casa Branca havia afirmado que o Irã preparava um ataque a Israel com mísseis balísticos e afirmou que um ataque teria "consequências severas". Washington ainda não havia se manifestado sobre o ataque do Irã até a última atualização desta reportagem.
Os EUA, em paralelo, estão ajudando Israel a se preparar para a ofensiva de Teerã, disse ainda o funcionário do departamento. Um porta-voz das Forças Armadas israelenses afirmou que Israel já espera resposta do Irã e disse que o país está preparado "para qualquer ameaça".
"Os sistemas de defesa aérea que temos estão totalmente preparados e as aeronaves da Força Aérea estão intensificando suas saídas', disse o porta-voz das Forças Armadas israelenses para países árabes, Avichay Adraee. "Estamos no auge da nossa prontidão ofensiva e defensivamente".
Esta não foi a primeira ofensiva do Irã contra Israel. Em abril, forças iranianas lançaram 300 drones e mísseis contra o território israelenses em retaliação a um bombardeio ao Consulado do Irã em Damasco, na Síria, que causou a morte de um comandante do Exército iraniano.
Na ofensiva de abril, os drones e mísseis causaram diversas explosões nos arredores de Jerusalém, mas não houve vítimas.
O Irã e Israel são os principais rivais no Oriente Médio, e a tensão entre os dois países aumentou após o início da guerra na Faixa de Gaza — o Hamas, assim como o Hezbollah, é financiado pelo regime iraniano.
Forças de Defesa de Israel pedem que moradores se protejam de ataque
Invasão ao Líbano
Soldados de Israel e do Hezbollah travaram nesta terça-feira (1º) o primeiro combate direto desde o início da guerra na Faixa de Gaza.
O embate aconteceu em um dos vilarejos do sul do Líbano onde o Exército de Israel faz incursões por terra — na segunda-feira (31), as Forças Armadas israelenses anunciaram que invadiram o território libanês para operações pontuais e limitadas contra bases do Hezbollah.
Israel lançou uma operação terrestre "limitada" contra alvos específicos do Hezbollah, no sul do Líbano, nesta terça-feira (1º). A ação conta com tropas do Exército por terra, além do apoio da Força Aérea com aeronaves pelo ar.
O porta-voz dos militares, Avichay Adraee, enviou uma ordem a residentes de mais de 20 cidades do sul do Líbano para que saiam imediatamente de suas casas "para a sua própria segurança".
A ordem é para que os civis se desloquem para a margem norte do rio Awali, cuja saída pro mar fica praticamente no meio do caminho entre a fronteira com Israel e Beirute. Segundo Israel, o Hezbollah tem usado infraestrutura civil e residentes do sul como escudo humano.
O grupo extremista libanês reagiu à incursão terrestre israelense com disparo de mísseis direcionados, entre outras localidades, a Tel Aviv — de acordo com o Hezbollah, direcionados a instalações do serviço secreto do país, o Mossad. A milícia Houthi, financiada pelo Irã e que atua no Iêmen, também afirmou ter disparado foguetes em direção ao território israelense.
O Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade aos terroristas do Hamas e às vítimas da guerra na Faixa de Gaza. Israel vinha respondendo e repelindo os ataques.
A tensão na região escalou nos últimos dias, com bombardeios de Israel contra alvos do Hezbollah em vários pontos do Líbano, incluindo a capital Beirute. Um dos ataques provocou a morte do chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27).
Israel faz bombardeio em área no sul do Líbano
AP Photo/Leo Correa
A operação terrestre de Israel no Líbano já era esperada. Nesta terça-feira, moradores libaneses na região de fronteira relataram intenso bombardeio, além da presença de helicópteros e drones na área.
Israel disse que estava fazendo "ataques precisos" contra alvos do Hezbollah que apresentavam uma ameaça imediata ao território israelense. Toda a operação tem o apoio de artilharia e da Força Aérea.
"Essas operações foram aprovadas e realizadas de acordo com a decisão do escalão político. A Operação 'Setas do Norte' continuará de acordo com a avaliação da situação e em paralelo ao combate em Gaza e em outras frentes", afirmaram os militares israelenses.
Os militares israelenses justificaram a ação para garantir que moradores da região norte do país possam voltar para casa. Essas pessoas deixaram a área por causa de ataques constantes do Hezbollah.
Logo após o início da operação, o Hezbollah lançou pelo menos 10 foguetes contra Israel. Parte dos artefatos foi abatida, enquanto os demais caíram em áreas abertas. Não há informações sobre estragos ou feridos no território israelense.
Um tanque israelense avança no norte de Israel, perto da fronteira com o Líbano
Baz Ratner/AP
Já no Líbano, a agência Reuters afirmou que um dos ataques atingiu um edifício usado como acampamento para refugiados palestinos. O alvo do ataque seria Mounir Maqdah, comandante da ala militar da Fatah — grupo político que controla a Cisjordânia e está à frente da Autoridade Palestina. O paradeiro dele é desconhecido.
Até a publicação desta reportagem o Hezbollah e o governo do Líbano não haviam se pronunciado sobre a operação israelense. Informações sobre mortos e feridos também não foram divulgadas.
Os Estados Unidos disseram que concordaram sobre a necessidade de um ataque contra o Hezbollah ao longo da fronteira entre Israel e Líbano. O secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, conversou com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant.
Austin defendeu uma resolução diplomatica para garantir o retorno de civis ao norte de Israel com segurança.
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Arte/g1
Histórico do conflito
Nos últimos meses, Israel e Hezbollah viveram um aumento nas tensões. Um comandante do grupo extremista foi morto em um ataque israelense no Líbano, em julho. No mês seguinte, o grupo preparou uma resposta em larga escala contra Israel, que acabou sendo repelida.
Mais recentemente, líderes israelenses emitiram uma série de avisos sobre o aumento de operações contra o Hezbollah. O gatilho para uma virada no conflito veio após os seguintes pontos:
Nos dias 17 e 18 de setembro, centenas de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah explodiram em uma ação militar coordenada.
A imprensa norte-americana afirmou que os Estados Unidos foram avisados por Israel de que uma operação do tipo seria realizada. Entretanto, o governo israelense não assumiu a autoria.
Após as explosões, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que estava começando "uma nova fase na guerra".
Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que levará de volta para casa os moradores do norte do país, na região de fronteira, que precisaram deixar a área por causa dos bombardeios do Hezbollah.
Segundo o governo, esse retorno de moradores ao norte do país só seria possível por meio de uma ação militar.
Em 23 de setembro, Israel bombardeou diversas áreas do Líbano. Cerca de 500 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O dia foi o mais sangrento desde a guerra de 2006.
Em 27 de setembro, Israel matou o chefe do Hezbollah por meio de um bombardeio em Beirute.
Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel anunciaram que militares estavam se preparando para uma possível operação terrestre no Líbano. Bombardeios aéreos executados pelos israelenses seriam indícios de uma preparação de terreno.
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